quarta-feira, novembro 01, 2006

Nothicias



Leo vai ao consultório de Helena
Como a médica vai se livrar dessa tremenda saia-justa?



O encontro era inevitável. Olívia já havia cantado a pedra. Já havia prometido levar Leo para conhecer a última pessoa a falar com Nanda. Helena só não esperava que fosse assim, tão de repente. Estava no fim de um plantão estafante, quase cochilava. Subitamente, a porta do consultório se abre e entram a bela e um moço de barba. Helena ainda não o conhecia, mas intuiu imediatamente que fosse o pai de Francisco – e pai biológico de Clara. O choque faz seu coração disparar. Durante os cumprimentos, ela se vê na agonia de encontrar uma desculpa para se livrar logo daquele estorvo. Consulta o relógio: 19h. Falta uma hora para o plantão se acabar. Exceto se tiver um chamado de emergência, aquele casal poderá alugá-la durante uma hora inteira. Quantas perguntas indiscretas não farão? Sufocada pela iminente inquisição, ainda sob o efeito da taquicardia, ela conta os segundos, aflita. Precisa ganhar tempo. Um café é uma boa idéia. Vai servir e derruba a xícara. Está visivelmente nervosa. O casal percebe, mas não diz nada. Leo se dispõe a ajudá-la. Helena recusa. Em seguida, finge não saber do que eles vieram tratar. Olívia introduz a assunto e Leo arremata: está ali para saber tudo sobre os últimos momentos de Nanda

Aflição sem fim
Helena finge não se lembrar bem daquela situação específica, afinal foram tantos partos, tantas mães – mais de mil desde a morte de Nanda. É uma forma de minimizar a impacto que o nascimento dos filhos de Nanda teve na sua vida. E de se esquivar daquela conversa. Mas como fugir? Olívia não deixa. Ela, sim, se lembra de tudo, de como foi difícil para a médica perder uma paciente naquelas condições, de quanto ela ficou abalada na época. E, obviamente – Olívia conclui –, de uma situação assim ninguém se esquece. Helena percebe a mancada. Pressionada, diz que talvez não tenha nada a acrescentar ao que seria apenas mais uma história triste. Mas Leo não se satisfaz. Tudo ou qualquer coisa é importante para ele... E agora, Helena, o que fazer?

Como que por milagre a porta se abre novamente e surge a figura de Lívia. Entra meio sem jeito, sem querer interromper. Mas Helena se agarra a ela como um náufrago a uma bóia e transforma o que seria um simples alô num assunto de máxima urgência. Sai da sala, inclusive. Lá fora, pode suspirar mais aliviada. Mas uma hora tem de voltar e, quando isso acontece, presencia algo terrível. Olívia está de pé, segurando justamente o porta-retrato com a foto de Clara.

A salvação
Helena contorna a mesa para ganhar tempo. O que vai dizer? Que nome vai inventar para aquela menina? Limita-se a dizer apenas que é sua filha. Assim como Olívia, Leo também fica encantado com a beleza da pequena. Os dois olham enternecidos para o retrato sem perceber que Helena está prestes a ter um troço. Muito menos podem imaginar que estão diante da irmã de Francisco, a filha de Leo, que definitivamente não morreu. Helena tenta recolher a foto, mas Leo, hipnotizado, não deixa. E agora? Helena tenta desviar o assunto, mas Olívia surge com a história dos nomes das crianças. Não foi o último pedido de Nanda, como a própria médica lhe contara? Sim, foi. Nanda gostaria que os filhos se chamassem Francisco e Clara... Mas com que cara Helena dirá para eles que a própria filha se chama Clara, que tem síndrome de Down e que tem a idade que a filha de Nanda teria hoje?

Por sorte, ela não é obrigada a dar maiores satisfações. Olívia e Leo já estão de saída. Ufa!

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